O dia mundial da saúde mental (10 de outubro) neste ano de 2022, é celebrado em um momento em que temos acumulado um turbilhão de emoções por consequência da Pandemia de Covid 19.
O período de pânico vivido pelos profissionais da área da saúde, que estiveram na linha de frente. Não, home office não era uma opção e sim a opção era enfrentar e assistir o pavor coletivo e administrar o pavor interno, como se fosse um engole o choro.
Alunos forçados a uma nova forma de estudo. As aulas a distância traziam uma nova realidade: Um jeito isolado de viver.
Filhos precisavam manter a distância de seus pais idosos, presentes do dia das mães ou pais eram deixados na porta de casa e sinalizado com um apito.
E assim, a OCITOCINA (o hormônio do amor) que é liberada em situações de afeto, abraços, e melhora as habilidades sociais, foi drasticamente impedida de exercer seu papel como hormônio do bem.
Trabalhadores desesperados, na dúvida se cumpriam ordens de saírem de suas casas para preservarem seus empregos ou ficavam em casa para preservarem a saúde e segurança. Mas que segurança? Diante da eminente falta de provisão para seu sustento e de suas famílias.
Os empregadores sem saberem o que fazer, o que ecoava eram a perguntas:
“E agora? Eu demito? Eu fecho? Eu sumo? O que eu vou fazer?

Se para um chefe de família a preocupação era sua única família, para um empregador eram dezenas ou centenas.
E o que dizer sobre quem perdeu um ente querido, na maioria das vezes, sem poder se despedir, sem poder pelo menos ver suas faces. Será que é ele mesmo que está aí dentro? Será que houve um equívoco? Será?
Sonhos encerrados, caixões lacrados.
O governo está certo? O governo está errado? Não importava, de qualquer forma o caos estava instalado.
Um inimigo invisível a olho nu, mas com seu impacto emocional bem visível no agora.
Nossas mentes não estavam aptas a conceber que água e sabão poderiam eliminar um VIRUS MORTAL, mas a sua força vinha da invisibilidade.
Estamos acostumados a enfrentar o que nossos olhos podem ver.

As condições de saúde mental são comuns em todo o mundo e foram amplificadas pela pandemia da COVID-19, que teve um impacto generalizado em toda a população. Um estudo publicado na revista The Lancet estimou que os distúrbios depressivos e de ansiedade aumentaram 35% e 32% respectivamente em 2020 na América Latina e no Caribe devido à pandemia

Pan Am Health Organization

E como começarmos a refazer este caminho?

O estigma em saúde mental é um dos problemas altamente prejudiciais para a sociedade, principalmente por desestimular as pessoas a buscarem ajuda por medo de serem rotuladas. A falta de informação reforça atitudes de preconceito e de discriminação. Nesse sentido, a educação em saúde mental surge como uma possibilidade para a compreensão e diferenciação entre os estados de normalidade e os transtornos. O “olhar” do educador e a escola possuem papel primordial no sentido de facilitar a divulgação de informações sobre saúde e doença. Uma pesquisa recente divulgou que um percentual significativo dos estudantes (entre 10% e 15%) apresenta sintomas de transtornos mentais, como, por exemplo, depressão, ansiedade, psicose, autismo, uso de substâncias psicoativas, transtorno de conduta, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Assim, estratégias educativas com o objetivo promover o conhecimento podem empoderar os educadores e os demais profissionais vinculados ao contexto escolar, favorecendo o bem-estar integral (físico, mental e emocional) no âmbito individual e coletivo, bem como diminuir os fatores de risco para o desenvolvimento de psicopatologias. Programas de capacitação profissional em Saúde Mental para professores e de Aprendizagem Socioemocional promovem recursos pessoais ao estimularem um ambiente que valoriza e motiva as pessoas para o estabelecimento de relações emocionalmente positivas. Somente com a informação de qualidade poderemos combater o estigma associado à saúde da mente.

O ESTIGMA DA MENTE: TRANSFORMANDO O MEDO EM CONHECIMENTO
Alessandra Lemes Prado1; Rodrigo Affonseca Bressan2

Sendo assim é urgente que tenhamos um olhar de amor, para apoiarmos e sermos apoiados, para que o dia de hoje passe a ser realmente uma celebração, sem rótulos.